Educação ambiental para auto-transformação
A Educação Ambiental é vista hoje como uma possibilidade de transformação ativa da realidade e das condições da qualidade de vida, por meio da conscientização advinda da prática social reflexiva embasada pela teoria (Loureiro, 2006).
Segundo Loureiro (2006), essa conscientização é obtida com a capacidade crítica permanente de reflexão, diálogo e apropriação de diversos conhecimentos. Esse processo torna-se fundamental para se formar sociedades sustentáveis, ou seja, orientadas para enfrentar os desafios da contemporaneidade, garantindo qualidade de vida para esta e futuras gerações.
Portanto, a educação ambiental deve ser entendida em seu sentido mais amplo, voltada para a formação de pessoas para o exercício da cidadania responsável e consciente, e para uma percepção ampliada sobre os ambientes no qual estão inseridas.
Transformar e aprimorar a relação entre os seres humanos e desses com o ambiente deve ser o maior objetivo da educação ambiental, lembrando que o termo “ambiente” é muito mais que o ambiente natural: incluímos também os modificados pelo homem, como as instituições sociais, a escola, o ambiente de trabalho, a vizinhança etc.
Entretanto, modificar estas relações passa por uma transformação interior de cada ser humano, que inclui o cuidado consigo mesmo: seu corpo, sua saúde, suas emoções. Em um outro nível, inclui a transformação da relação com os demais seres humanos do convívio direto e indireto e com os outros organismos. Num movimento contínuo, crescente e permanente é possível então modificar as relações que as sociedades contemporâneas estabelecem com o mundo.
A educação ambiental transcende seu aspecto puramente comportamental para chegar em outras esferas (e compromissos) como a política e a cultural, pois a educação não pode existir para outro motivo que não o de formar indivíduos críticos de seu papel histórico. Deve subsidiá-los com um repertório que permita a reflexão crítica do desafio existente nos períodos de transição e, a partir de seus próprios impulsos, integrar esse processo rumo à construção de uma realidade mais condizente com sua noção de equilíbrio e sobrevivência.
A educação ambiental precisa ajudar a construir novas formas e possibilidades de relações sociais e de estilos de vida, baseadas em valores éticos e humanitários, e de relações mais justas entre os seres humanos e entre esses e os demais seres vivos. Educar significa, em primeiro lugar, “auto-transformar-se”, pois a educação ambiental precisa ser transformadora, educativa, cultural, informativa, política, formativa e, acima de tudo, emancipatória (Loureiro, 2006).
Para que as mudanças aconteçam, é necessário que a educação ambiental seja assumida pelo poder público em todas as suas esferas e, principalmente, com a participação efetiva da sociedade. À medida que a sociedade participa, ela se apropria do seu papel de atora, co-responsabilizando-se pelas decisões tomadas e vendo-se inserida ao ato educativo. No diálogo e na convivência entre sociedades e poder público a educação para a sustentabilidade acontece e por fim torna-se política pública.
Esse texto foi adaptado de: CIEA’s – Comissões Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, Brasília, 2005, Série Documentos Técnicos.
Fonte bibliográfica: LOUREIRO, C.F.B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
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