terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não contaram... Helena Jobim Photo by Angélica Nogueira ( Lisboa - Tejo)


Helena Jobim

Não contaram 'a menina nada do que ela precisava saber.
Não explicaram.
Por isso, quando ela descobriu
a fraqueza de seu corpo
e a inutilidade de sua inteligência,
sentiu medo.
Percebeu que suas palavras se perdiam no vento,
e ninguém a ouvia, por mais que gritasse.
(As ruas eram vazias e as pessoas em suas casas
estavam muito ocupadas.)
Não contaram 'a menina daquela sede,
daquela fome e daquela inquietude,
que nenhuma água, alimento ou gesto, abrandariam.
E ela teve mais medo.
Não contaram 'a menina que ia amar
sem ser amada, esperar sem encontrar consolo,
e chorar sozinha embaixo da ponte.
E ela ficou perplexa.
Por que enganaram tanto assim a menina?

sábado, 5 de novembro de 2011

Sou pote... A poesia é água...





A poesia não é uma expressão do ser do poeta.


É uma expressão do não-ser do poeta.


O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta.

Escrevo porque tenho sede e não tenho água.


Sou pote.

A poesia é água".


Rubem Alves



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Aquilo que está escrito no coração

não necessita de agendas

porque a gente não esquece.

O que a memória ama fica eterno.

Rubem Alves